A aprovação de cargos adicionais no organograma do Legislativo de Juatuba e de vale-alimentação para os vereadores de Juatuba, explodiram em uma avalanche de críticas da população. De acordo com informações recebidas por nossa reportagem, em uma reunião extraordinária, seis dos nove vereadores, aprovaram a criação de nove cargos — seis efetivos e três comissionados. As denúncias enviadas ao jornal afirmam que os cargos foram criados supostamente para cumprir acordos políticos costurados nos bastidores visando a eleição da câmara do biênio 2025-2026. Além das funções, também foi aprovado vale-alimentação para os vereadores. Três parlamentares votaram contra a proposta: Leo da Padaria, Ivanzinho Roda D’água e Galego. 2c3qx
Para muitos moradores que inundaram as redes sociais de desabafos, os novos cargos seriam um claro caso de “cabide de emprego” para solidificar alianças políticas.
O mais alarmante, segundo as críticas dos moradores é que, apesar de os cargos criados serem classificados como “efetivos”, até o momento não há qualquer indício de abertura de concurso público, como exige a lei. “Se não houve sequer proposta de concurso, trata-se de uma irregularidade gravíssima”, disse um morador em grupos de política da cidade.
Entre os cargos aprovados estão quatro recepcionistas, um chefe de manutenção e outros dois para limpeza. Questionado pela nossa reportagem, a justificativa do presidente da Câmara, Jurandir do Santos, é de que as contratações substituem serviços anteriormente prestados por uma empresa terceirizada – cujo contrato foi rescindido – o que, segundo ele, representa economia para os cofres públicos. No entanto, a explicação não conseguiu conter os ânimos dos moradores que veem essa “substituição” como apenas uma troca de nomes — os mesmos ex-funcionários da terceirizada agora ocupam cargos “efetivos”, mas sem concurso.
“É tanta gente que dizem que já não cabe mais na Câmara. Enquanto isso, tem rua sem calçamento, sem esgoto, sem iluminação, e eles criando cargo para atender político?”, criticou outra moradora do bairro Cidade Satélite.
A própria estrutura da Câmara é alvo de questionamentos: atualmente, funciona em um espaço improvisado no porão do Fórum da cidade. Os gabinetes estão praticamente vazios e pouco utilizados, segundo relatos internos. Ainda assim, cada vereador já conta com três assessores.
Vale-alimentação para vereadores: mais um tapa na cara da população
Se a criação dos cargos não fosse suficiente, os parlamentares aprovaram também, na mesma reunião extraordinária, a concessão de vale-alimentação para eles próprios. Isso mesmo: além dos salários, dos assessores, dos telefones corporativos, dos carros oficiais com combustível liberado, agora os vereadores terão direito ao vale-alimentação. Novamente, os vereadores Léo da Padaria, Ivanzinho e Galego foram contra. “Eles moram tudo aqui por perto. Podiam almoçar em casa. Mas querem que a gente banque até o almoço deles agora?”, protestou um morador. Nas redes sociais, a indignação se espalhou como pólvora. “Aprovaram o 13º salário em dezembro, agora é vale-alimentação. Daqui a pouco é auxílio paletó, auxílio cueca. É um deboche com o povo trabalhador”, escreveu outro morador.
A revolta popular cresce também pela pouca oposição dentro da própria Câmara. “Se alguém se levanta contra eles se unem para derrubar”, lamentou outro cidadão.
Retranca 2
Câmara afirma que todas as informações estarão no Portal da Transparência
Em resposta ao Jornal de Juatuba e Mateus Leme, o presidente da Câmara, Jurandir Santos, respondeu por meio de uma nota, na qual nega aumento na folha de pagamento ou criação de novos cargos. Segundo ele, as funções criadas substituem terceirizados e foram convertidas em contratos istrativos, gerando uma economia estimada de R$ 500 mil por ano. “Não houve acréscimo, mas sim uma significativa redução de despesas”, diz o texto.
A nota também afirma que dois servidores efetivos aposentados foram exonerados, o que também gerará economia. Por fim, promete que toda a documentação será publicada no Portal da Transparência, mas, até o fechamento desta matéria, os dados ainda não estavam disponíveis.
Para os moradores, as explicações não convencem. “Se tem economia, por que criar mais cargos? Por que tudo foi feito escondido? Por que não abriram concurso?”, questionou um morador.